Loucos Sem Destino

Um local é o que um homem faz dele.E qualquer pessoa tem um sitio especial que por vezes vai,um sitio onde nos conseguimos ausentar de tudo o que pertence ao mundo real. Qualquer pessoa devia ter um sitio assim.Também há sitios que só por si não figuram...no mundo real.
A primeira vez que fui à Serra da Lua tinha ainda os neurónios ainda muito virgens e as sinapses com poucos cruzamentos para saber o que ela realmente era. Naquela noite simplesmente me fui divertir,com os meus melhores amigos para uma Serra onde tinham morto um bébé num ritual satânico.

Uns dias antes eu,o Pedro,o Sérgio e o Miguel na praceta ouvimos a Ana,o Bruno,o Tiago e a Andreia a falar de uma de suas viagens e do efeito fantástico que umas simples árvores a baloiçar no lençol branco do luar provocaram na sua mente,logo ai pensamos que se no mundo existiam tais quimicos tinhamos de aceder a eles. Tudo no Universo é quimica entre outras coisas,portanto há que conhecer as leis do Universo.No Correio da Manhã vemos então a noticia de que um corpo de uma criança recém-nascida tinha sido encontrado vandalizado... Suposemos que seria um bom sitio para iniciar a primeira viagem,talvez sentissemos a presença dessa alma virgem a vaguear.Não era por maldade,mas pela atracção que o mistério de um ritual onde envolve morte provoca na cabeça de uns putos adolescentes.Vamos então para a Serra da Lua acidificar os nossos conhecimentos e conviver com os elementos da Natureza e mais além...

A primeira vez que pisei a Serra senti um arrepio do tamanho de um premontório,premonitório... algo naquele solo era estranho,como se aquele chão não estivesse realmente... no chão,mas uns degraus mais acima da realidade vigente e mundana.Não,ainda não estava a tripar.

O Bruno,a Ana,o Tiago e a Andreia era os líderes da expedição de ''desbaste e aperfeiçoamento neurológico'' encetada na Serra da Lua.Chamo-lhes líderes apenas para os diferenciam pelo facto de já terem viajado,visto naquele grupo sermos uma Anarquia perfeita.Eles eram mais velhos e já tinham estado lá. Estavamos na estrada que vai dar ao Convento,à nossa direita temos o portão da casa abandonada,andamos mais uns metros e vêmos à nossa esquerda um caminho de terra,caminho esse ligeiramente a subir que dará à Gruta.Antes de chegar à gruta há uma clareira,relativamente perto das Harley's,e foi ai que os líderes nos deram os sonhos e esperanças de uma viagem perfeita.Os Dragões Vermelhos.

Eu,o Pedro,o Sérgio,o Tiago,o Miguel,o Dino ausentamo-nos dos lideres.O Afonso ficou com o irmão mais velho,o Tiago.Tiago disse-lhe apenas que as coisas tem um rumo natural,e que ainda não era a sua hora de viajar.Mais oportunidades viriam.Fomos então dar uma volta só os 6,queriamos que o ritual de degustação da nossa primeira ''viagem'' fosse privado,para os Líderes era mais uma vez,para nós era a primeira.Deve ter sido isso. Demos uma volta e quando voltámos encetamos os olhares de afirmação positiva ao termino da degustação,lenta e ácidificante da ''viagem''. Nesse exacto momento a curva do tempo deu uma volta,as portas da nossa mente seriam abertas,e nada tornaria a ser como dantes.

Passado algum tempo comecei a pensar quanto de psicológico haveria no facto de tomar um ácido,e ao mesmo tempo que nos começávamos a preparar para fazer a caminhada nocturna,que vi o Pedro a agaichar-se visto que uma estrela ia a caminhar veloz desde o espaço profundo até à sua menina do olho! Foi ai que a ''viagem'' começou.

Quando começamos a caminhada os nossos pensamentos já eram a própria imaginação materializada,e o sonho era o próprio presente, oferecido a nós pela própria vida,pelo simples facto de estarmos ali. Foi uma das primeiras vezes que me senti realmente vivo,realmente presente e em cumunhão com as mais básicas leis do Universo material e imaterial.
De repente olhamos para o céu e alguém disse: ''Olhem vai ali o 35!'', e quando olhei para o céu,um autocarro estava a voar,e lá dentro as pessoas na sua monótona viagem para casa,na sua rotina diária.Uma ia agarrada aos apoios do autocarro,outra ia com uma mala de negócios na mão,e várias iam confortavelmente sentadas.Imediatamente pensei: ''Vocês aí nesse tédio e nós aqui,a divertirmo-nos como uns loucos varridos de qualquer presunção!''

Continuamos a caminhada em direcção à Arena,e a dado momento o Dino,sempre agarrado ao rádio,pergunta: ''Quantos somos?'',respondi-lhe que eramos 11,ao que ele respondeu: ''Não,acabei de contar 12...''. Alguém nos seguia,não estavamos sós na caminhada...(continua)

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